domingo, 15 de fevereiro de 2009

bode expiatório

Ora, por favor, meu amigo. Não venha dizer que a culpa da sua situação é da situação. Não venha me dizer que toda essa bagunça, toda essa sujeira em que estamos metidos não é a nossa própria merda. Não diga isso, por favor. Que essas putas sujas e esses sujeitos detonados estão aqui porque invadiram. Não é bem assim. Não, a culpa é tua.

E eu ainda tenho que ouvir da tua boca que a vontade divina colocou o caranguejo na lama? O filho da puta adora a lama. E é ele que vai pra lá. Assim como tu, que vem pra este lado do muro. Então não diga que a culpa é minha, ou de sei lá quem.

Fácil colocar a culpa em outras pessoas, animais ou objetos. Não é tu que está com pouco dinheiro, é a alface que ficou cara. Não é tu que está velho, é o público do bar que é novo demais. Aquelas merdas que tu fez e disse, culpa do álcool. Foi ela que me beijou. Maldito poste no meio do caminho. No cu de quem não segura o elevador. Ele que ultrapassou o sinal vermelho. Não entendem a minha arte. Onde a faxineira enfiou minha calça? Meus costas doem. Ele roubou meu emprego. Ele roubou minha mulher.

Meu caro, uns culpam os outros. É muito bom. É muito prático. E todos fazem.

Principalmente porque o mundo está bom como está... não é?

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